
Vivemos em uma sociedade marcada por repressões, julgamentos e uma sexualidade mal compreendida. Neste artigo, você encontrará uma análise profunda e psicanalítica sobre a libido, o superego, a repressão social e os conflitos internos que afetam bilhões de pessoas. Leia até o final para entender como a terapia pode transformar esse cenário.
O Julgamento Precipitado e o Pré-Conceito Coletivo
Hoje temos uma sociedade que é preconceituosa e apressada em seus julgamentos. Há um certo controle pelo lado de fora para que se mantenha a paz civilizatória, mas isso não significa que as pessoas não mantenham os seus preconceitos e opiniões veladas e expressem-nas mentalmente. É automático, trata-se do pré-conceito. Nosso programa sempre está agindo e reagindo aos estímulos recebidos. Essa programação perpassa por todas as informações adquiridas durante a vida, seja por meio de estudos, experiências empíricas e crenças passadas de geração em geração. Em uma questão de segundos, propõe-se um julgamento, e este julgamento rege a relação com o estímulo, o que fazer em diante? Lutar ou fugir? A questão é: realmente existem apenas essas duas opções?
A Pirâmide de Maslow
Os dois desejos básicos de todo o ser humano são a fome e o sexo. O psicólogo Abraham Maslow propôs essa estrutura em uma pirâmide onde demonstra e distribui os bilhões de pessoas nela. Abaixo, na raíz da pirâmide, constam a fome e o sexo. Enquanto bilhões de pessoas constam na fome, a maior quantidade de bilhões consta presa à fatores afetivos, presas na sexualidade, não conseguindo se satisfazer por completo, portanto, não conseguindo ascender aos pontos mais altos que seriam poder, autoconhecimento e espiritualidade, ao qual não vou me estender muito a respeito aqui.
A pergunta que suscita é: por que, de forma majoritária, a humanidade encontra-se estacionada na sexualidade? Eu arrisco dizer para efeito dessa tese que trata-se de falta de informação e ignorância. Sabemos por meio das teorias psicanalíticas que no que tange ao sexo, existem dois caminhos, o prazer e a dor. No caso, há a sexualidade satisfeita ou a sexualidade insatisfeita. Há o orgasmo ou a angústia, já atravessando os conceitos freudianos e já citando também a linha de Wilhelm Reich.
O Freddy Krueger da sociedade
A líbido pulsa dentro de nós o tempo todo, dentro de nosso centro vegetativo vindo do plexo solar, pulsando por expressão, pulsando por desejos de prazer e agrado. Buscando essa expressão. Não há exceções. Em todos pulsa. O que ocorre é que essa líbido é tão potente e tão única em seu objetivo, tão especifica, tão direta ao ponto, que não existem meios de driblá-la. Ela precisa do prazer e ponto. Essa energia pulsa no ID, nosso reservatório inconsciente de energia vibrante. O ID não reconhece tempo e espaço, reconhece apenas a plena expressão e é uma força motriz.
A demanda para os psicanalistas não falta. Vivemos em uma sociedade neurótica, e toda essa neurose se baseia na falta do manejo e da descarga referente a libido. Algumas crenças enfatizam isso, afirmando que sexo é somente para procriação, ou que sexo só pode ser feito com uma única pessoa para sempre após o casamento, que sexo é algo sujo e pecado, passível de punição. Essas crenças perduram tão fortemente na sociedade que se fossem assumir uma forma, eu diria que seria a de Freddy Krueger constante nos pensamentos de cada um com uma faca na mão, procurando quem está tendo desejos sexuais e punindo-os devidamente. As exceções seriam enquadradas dentro do contexto tradicional de família, muito vindo da igreja católica. Em termos psicanalíticos, o Freddy Krueger é o superego.
A libido, como não aceita um não como resposta, não teme o Freddy Krueger. Apartar essa briga é problema do ego. O Freddy Krueger não consegue matar a líbido, neste caso, mas ele consegue retardá-la, desviá-la de seu caminho, e fazê-la se expressar de outras formas. Essa energia pulsa o tempo todo, e se expressa no corpo e na mente. Como a satisfação natural foi impedida por diversos conceitos e regras passíveis de punições severas, ela percorrerá toda a sua memória à procura de satisfação ou frustrações. É como uma negociação entre encontrar o prazer e se sacrificar em seguida, como uma penitência. Nisso, a líbido fica atrelada ao prazer, porém associada à dor. A líbido é a própria vida, então não existem meios de parar o seu fluxo para não ser punida. Ela é biológica e real, pulsa no corpo. O superego é maleável, e vem do lado de fora. Quem sofre nisso tudo é o ego, que na tentativa de mediar este conflito interminável, acaba se tornando psicótico, neurótico, perverso, etc.
É como ter um corpo estranho dentro de você mesmo. Todo mundo diz que é errado o que ele pede, todo mundo diz que é errado o que ele quer. Isso passa de geração em geração. Cada pai que reprime a sua criança foi mais duramente reprimido quando também era criança. Sempre com base no Freddy Krueger ameaçando. Estariam todos então apavorados. Todos limitados. Encouraçados. Seriam então os majoritários bilhões da Pirâmide de Maslow. Todos com medo e presos à reações de fuga ou luta, prazer e dor. Aqueles poucos que se atrevem a dar vazão a líbido e ceder aos desejos, ainda o fazem de forma “escondida” do Freddy Krueger, ou seja, mesmo temendo, seguem em frente para se satisfazer, e enfrentam quem for preciso, afinal, essa energia é poderosíssima, e é o que proporciona a vida e a busca pelo prazer. Há pessoas que lutam por essa felicidade, embora ainda temam a punição. Nisso encontramos as diversas formas de expressão da sexualidade, nisso encontramos movimentos LGBTS, revoluções sexuais como ocorreram fortemente no século XX.
Há então um constante conflito entre libertinos e moralistas. Os libertinos cedem aos seus desejos, porém ainda consideram as crenças do superego que limitam a expressão natural da sexualidade, portanto, se satisfazem, mas se satisfazem parcialmente, utilizando fetiches, parcialismos, parafilias, perversões e neuroses. Os moralistas, tão sedentos por felicidade mas impossibilitados, irritam-se, acusam, e compram uma guerra. O Freddy Krueger assiste impassivelmente a essa briga. Se todos se voltassem contra o Freddy Krueger, creio que ele não seria capaz de segurar bilhões, certo? Enquanto isso, temos a dualidade, conflitos, todos querendo ser felizes e encontrando oponentes para isso.
A Função Libertadora da Psicanálise e da Sexologia
Por isso a terapia psicanalítica, que consegue identificar a personificação do Freddy Krueger de cada pessoa ou seu superego, e retirar o instinto do medo que trava, reprime, recalca as pessoas, é tão indicado. Por isso que sexologia e seu conhecimento também são muito indicados. Quem conhecer as possibilidades de escoamento da líbido, suas origens biológicas e também anatomia e sexologia não terá medo da sua própria expressão. Da sua própria sexualidade, que é central na vida de cada ser humano.
A repressão da libido e os conflitos sexuais inconscientes estão na raiz de grande parte do sofrimento humano. A psicanálise oferece um caminho real de liberação e reconexão com seu desejo e vitalidade. Se você sente que está preso em julgamentos, medos ou conflitos internos, agende uma sessão e comece hoje a libertar sua expressão mais autêntica.
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