O prazer reprimido e o trabalho são temas profundamente conectados, mas pouco discutidos no cotidiano. Entender como o desejo sexual influencia sua vida profissional pode revelar muito sobre seus comportamentos, motivações e níveis de satisfação no emprego. Neste artigo, vamos explorar a relação entre prazer, desejo e trabalho sob a ótica da psicanálise, mostrando como o inconsciente pode moldar sua experiência no ambiente profissional.

É assim que funcionam as coisas nessa sociedade: você troca as suas horas de vida por uma recompensa em dinheiro. Essa recompensa é necessária para suprir a pulsão de autopreservação, dispondo assim de alimentos e moradia para si e para a sua família, caso aplicável. E o que isso teria a ver com prazer ou dor? 

Primeiro, vale se ater ao significado de trabalho e significado de prazer. Trabalho, deriva do latim tripalium ou tripalus, uma ferramenta de três pernas que imobilizava cavalos e bois para serem ferrados. Isso remete a tortura e escravidão, onde alguém, representado por uma figura de autoridade, está te ordenando a fazer algo na base da tortura, te transformando em um animal de carga. Você deve cumprir as suas ordens e se submeter. Veja que na própria etimologia da palavra já há uma conotação negativa. Pessoas afirmam diariamente: estou indo trabalhar. Estou no trabalho. Vou trabalhar. Afirmando constantemente a condição de quem manda e quem é submisso. Manda quem pode, obedece quem tem juízo. Ou seja, pessoas afirmam diariamente a sua própria submissão.

Agora, vamos nos ater ao conceito de prazer e desejo. Todos temos desejo de satisfazer as nossas necessidades sexuais. Prazer, na etimologia da palavra, se relaciona a bem-estar, alegria, satisfação, aceitação, agrado. A nossa principal fonte de vitalidade e busca de prazer na vida é o nosso instinto presente no ID. A essa fonte também foi dado o nome libido. Libido significa desejo, na etimologia da palavra. Portanto, temos um desejo instintivo de nos satisfazermos. Esse desejo pode ser frustrado ou gratificado durante a nossa trajetória infantil, gerando fixações reforçadas por neuroses, psicoses e perversões. Como Freud mesmo diz, todos somos neuróticos. Reich também reforça em seus estudos que menos de 1% das pessoas alcançaram o caráter genital. Portanto, majoritariamente, a nossa sociedade é neurótica, perversa, e psicótica. 

Vamos nos apoiar agora em uma das possíveis saídas para uma sexualidade recalcada, a qual seria a própria sublimação ou o ato de conseguir converter essa energia estásica em algo que seja produtivo para a sociedade. A arte é uma dessas maneiras. Temos desde músicas que relatam de forma mais direta os instintos, mesmo que mais diretamente distorcidos como no funk, e também de forma distorcida mais idealística, como em músicas românticas e populares MBPS. É uma forma de derramar essa energia, talvez mudando a sua forma, porém não traz a satisfação orgástica desejada. Se um artista parar de sublimar, provavelmente se entedia e se torna sobrecarregado novamente. A angústia prevalece. Uma função genital foi transformada em algo diferente. Simbolicamente, é como se o instinto fosse retirado da Terra e erguido acima do céu (superego). Assim o superego não o vê e evita puni-lo. Isso também atende ao desejo de ser amado e apreciado. Por isso, todos tem um potencial artístico. Todos são poetas e músicos em potencial. 

Também há o caso onde a pessoa pode se dedicar demais ao trabalho e se tornar workaholic. O operacional é o mesmo. Temos o ID desejando prazer e forçando a sua passagem. A líbido negocia com o ego o que deve ser feito e intermedia onde essa energia deve ser derramada. Neste caso que evidenciarei, as pessoas procuram um emprego ou alguma carreira onde possam sublimar tal energia pura, potente e única, em algo útil que possa se converter em dinheiro. O dinheiro entra aqui como a recompensa, ou o prazer, a tal da satisfação. Você doa a sua energia a alguma causa ou emprego, de forma a converter a energia recalcada no inconsciente. É uma forma de dar vazão a ela, e no fim você recebe o seu prazer ou recompensa em forma de dinheiro. Agora, a pergunta que deve ser feita é a seguinte: o trabalho é agradável em si mesmo? Há prazer em sua realização? Lembra que a energia principal que o move o ID é o principio do prazer, e é aqui que toda a população neurótica se fixou e não conseguiu dar vazão. Caso a pulsão seja unicamente de auto-conservação, o trabalho não alcança a satisfação desejada. Você usa somente a pulsão de sobrevivência. A pulsão sexual continua inacessível, no fim das contas. Onde está a energia sexual aqui? Por exemplo, muitas das fixações se concentram em sadomasoquismo, uma estrutura de manda e desmanda, do que domina e o que é dominado, baseada em pura competição. É o equivalente a se aceitar o abuso de um chefe, mesmo que seja angustiante, pois já há uma fixação infantil inconsciente pulsando. 

O trabalho aqui se torna um reprodutor patológico, onde se labuta e corre para o prazer. Onde dói, mas se busca o prazer. O prazer ainda está fixado. O prazer sexual deseja o ato sexual. É biológico, portanto, sublimar essa energia no trabalho pode causar problemas, relacionamentos conturbados, neuroses, ansiedades, insatisfações, incapacidade, falta de motivação, medo de ser mandado embora e submissão constante. Isso também pode ocorrer com os proprietários, no sentido inverso, onde aqui eles se tornam o lado sádico que pune os seus comandados. O que esperar de uma sociedade neurótica em suas atividades produtivas? Não seria cabível que todos trabalhassem no que sentem realização? Aliás, o principio de realização vem do ego. Como o ego pode realizar-se completamente enquanto sustenta tantos mecanismos de defesa e formações de compromisso com um inconsciente repleto de desejos reprimidos sexuais? 

Se você quer compreender melhor como o prazer reprimido impacta sua carreira e buscar uma vida profissional mais satisfatória e alinhada com seus desejos, continue acompanhando nossos conteúdos sobre psicanálise, prazer e desenvolvimento pessoal. Não deixe que as fixações inconscientes limitem seu potencial — descubra como transformar sua energia em realização verdadeira. Agende sua sessão.


Uma resposta para “O Prazer Reprimido e o Trabalho: Como o Desejo Sexual Influencia Sua Vida Profissional”

  1. Avatar de Raphael Bispo

    Deixe aqui o seu comentário, vamos, não seja tímido.
    Abs

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